quinta-feira, 22 de agosto de 2013

UM TANTO DEPRESSIVO...oU a Crônica de quem sou eu.


Essa é a foto de uma foto....
Eu ainda me lembro dessa televisão, dessa roupa que estou vestindo, e até do porquinho que não aparece na foto. Sim, isso pode ser um ensaio sobre o que pretendo escrever depois...mas quando eu olho para essa foto, uma inevitável saudade se achega a mim, pois eu poderia não ter passado dessa idade e tenho certeza que em não tendo vivido a solidão do ser adolescente e todos os dessabores da vida adulta, mesmo se tivesse morrido....estaria feliz.
Eu nasci em uma família estruturada....Pai, Mãe, irmãos, Vó, tios a dar com pau e cachorros, muitos cachorros, cada um no seu tempo, mas cachorros. A minha casa sempre esteve cheia e o que antes éramos apenas eu, papai, mamãe, meus irmão e a vovó, num espaço curto de tempo houve a adição de mais 3 tios.
Cada um deles possuíam um jeito particular de lidar com a gente. O Marcos era tratado por eles como igual, pois como já expliquei uma renca de vezes ele foi registrado e criado pelos meus pais a fim de ajudar a vovó que na época passava dificuldades....essa bronca se resolveu em família. A minha irmã era tratada como a princesinha da casa, pois era frágil e chorona quando era criança e quanto a mim sobrou o resto. Eu passei a minha infância toda procurando ser reconhecido, mas nada, absolutamente nada que eu fazia era grandioso o bastante para agradar as pessoas e isso é muito ruim para uma criança administrar. Eu acho que não fui notado pelos meus tios até ter uns oito ou nove anos de idade e fosse capaz de fazer pequenos serviços para eles.
No início, tio José era o que eu considerava, na minha cabeça infantil, o mais próximo de amigo que eu tinha, pois nas minhas mais interiores lembranças, recordo dele me lavando a lugares que nem sonhando lembraria hoje, mas que com ele, os momento de rir eram mais  abundantes. Tio José foi morto por um disparo de revólver calibre 22 num sábado em um lugar chamado "igarapé da loura" e ainda tenho na memória ele em um táxi amarelo e azul (cores padrão para a época), coberto de sangue e gritando pela vovó.
Eu me recordo me levaram para a casa do Alex, que é um amigo de infância aqui da rua, e quando foram me buscar a cena da minha casa já era outra: Caixão no meio da sala, vovó em prantos no sofá, gente em toda a parte da casa....foi a primeira vez que precisei lidar coma morte. Ainda tenho nos lábio toda vez que me recordo na hora que minha vó colocou um banquinho e me fez subir à altura do caixão e me fizeram beijar a testa endurecida e gelada pelo Rigor mortis do cadáver inerte do tio José.
Eu não entendia a morte e suas formas de se fazer ser vista e opara mim, as pessoas que iam para o céu apenas iam, como elefantes que vão para o vale ser eternos, mas morrer era uma ideia que não me era clara. Um ano depois eu fui entender e chorei muito o saber que ele não iria mais voltar. Sobraram dois tios....Tio Evaldo, como eu falei em outras postagens era o tio que tinha tudo para dar certo: Homem magro, mas de garbo e porte, com seus cabelos longos e loiros, meio surfista que houvia Raul Seixas e era petista, grande mecânico de carros e sempre tinha dinheiro, pois era muito bom no que fazia e trabalhava nas melhor oficina de Belém. Não foram poucas as vezes que ele aprecia em casa num táxi cheio de compras e muito chocolate para a minha irmã. Quando ele conheceu a ex esposa dele, tudo aquilo que ele tinha era foi dedicado à ela e não demorou muito para ele concumbinar com ela e mudar-se para o Jurunas, bairro aliás de onde ele tinha saído quando viemos para a inóspita cidade nova da década de 80.
Sobrou o meu tio mais troll....Foram muitos os apelidos: Beiços de sola de sapato, testa de nós todos, olhos esbugalhados e uma outra série de depreciações que no fim foram muito úteis nos anos que vieram, pois ser apelidado na escola é ficha quando na sua casa seus parentes te veem como um burro de cargas.
Não sei por que resolvi postar isso aqui...assim tão detalhado.
Bom, esse tio troll, que era cachaçeiro, boa vida, e nem aí para nada, tem uma história bem escrota de vida: Filho caçula de um total de 8 ou nove irmãos, ele teve, assim como todos os homens irmãos dele, desde muito cedo o dever de trabalhar para ajudar a sustentar a casa e ele ia vender café na presidente vargas todo dia. O pai dele morreu de tanto beber, e já tinha perdido um irmão de câncer, e  sofreu muitas discriminações ao longo da vida, mas não existe uma chuva que dure para sempre, pois um dia ele conheceu a tia Socorro, que foi a mulher que amou ele do jeito que ele era e ajudou ela a ser o homem que é hoje, e por uma ironia do destino, passei a amar mais o tio que me trollava por prazer, pois ele mudou e se tornou alguém em quem eu podia confiar.
Eu me identifico com Naruto, por que ele era uma criança deixada de lado, assim como eu fui, procurando ser reconhecido, mas só muito depois isso seria possível, porém assim como o personagem do anime eu também fui muito danado e aprontei coisas bem sacanas, e é bem ai que esse tio troll entra.
Lembro que eu gostava de desenhar, e como todo menino em idade escolar e heterossexual, eu desenha os escudos dos times de futebol. Lembro que a mamãe me comprou um caderno novo numa sexta e ao pedir para ver o bendito no sábado, ela viu um caderno todo desenhado nas capas com os símbolos do Corínthians, Vasco e Payssandu. Foi uma puta surra a que levei naquele dia, pois a mamãe pegou o caderno e me surrou com ele mesmo (cadernos de arame), numa tarde de sábado e as marcas do feito dela ficaram em alto-relevo no meu corpo por uma semana. Eu não gritei, nem corri....apenas olhava para ela nos olhos e quanto mais eu fazia isso, mais ódio de mim ela tinha e com mais força batia e me lembro que ela lavou de suor uma blusa de tanto bater. Tio Edilson (o troll) Já havia se tornado evangélico aquela época e eu me lembro que eu fiquei ali na sala parado depois da sessão de espancamento  e num minuto ele veio e pegou pela mão, me levou ao pátio de casa e passou nas marcas algo como um óleo e enquanto fazia umas preces, ele chorava e por isso foi inevitável...chorei com ele.
Papai ficou puto quando chegou e me viu daquele jeito....discutiram por minha causa e a forma como a mamãe "nos educava" por pelo menos uma hora em um tom bem exaltado....foi a primeira briga séria que vi deles e nem veria outras tão sérias assim, mas lembro que ele disse que se ela fizesse aquilo de novo ele me pegaria e me levaria para longe dela e nunca mais ela nos veria. Isso explica por que ele é meu herói.

Bom mamãe mudou, tio troll foi viver a vida dele, e vovó foi criar outros netos....voltamos a ser penas nós cinco. Papai trabalhava o dia todo, e mamãe também. Papai trabalhou por alguns anos na empresa Nova marambaia, da qual eu não sabia quase nada, mas sabia que o dono era chamado por todo de "cachorro louco" e umas poucas vezes fui té a antiga sede da empresa que fica ali na saída do una com o meu pai para ele receber o dinheiro de uma semana de trampos. Depois ele passou a trabalhar na Viação Forte, que eu só sabia que era administrada por uma portuguesa, logicamente filha de imigrantes, chamada Maria e a sede da empresa ainda é a mesma desde aquela época...na Mario Covas. Lembro que os ônibus daquele tempo eram todos cor padrão amarela, baixos e eram numerados em 3 dígitos....o do papai era o 527, guajará ver-o-peso quando ele ainda trafegava por toda a extensão da avenida Almirante Barroso....isso uns 20 anos atrás.
Vicio em prestar a tenção em detalhes e de lembrar deles vai fazer essa postagem ser chata e grande, mas que se dane, o blog é meu e mesmo quando quero compartilhar com alguém o interesse das pessoas é zero com essa porra, e ao menos ainda posso contar com o Malafaia....

Bueno, Mamãe trabalhou numa empresa de cigarros: Souza cruz L/A, mas antes trabalhou num lugar que se chamava Perfumaria Phebo....da perfumaria, além da óbvia vantagem de receber soldo por seu trabalho (empacotava sabonetes), não tínhamos problemas com perfumes e coisas de higiene pessoal, mas para uma criança, o que a empresa de cigarros fazia era muito mais legal, pois ela nos dava brinquedos, nas datas que as crianças deviam ganhar brinquedos....a mamãe recebia soldo.

A parte do dia, era dedicada a escola.....Recreio do saber era o nome e todo nós estudávamos lá. Eu moro na we 74 e a escolinha ficava na we 65...então íamos caminhando até lá todo dia. Escola administrada pela Dona Marina que também era nossa professora de português. Acontece que eu sempre fugia para lojinha do seu Walter que era esposa da diretora, pois adorava conversar com pessoas mais velhas que eu e ele era um home muito parecido com o professor Girafales, inclusive com  chapéu, e acredito que aprendi mais de vida com ele do que com a escola em si.
 Voltávamos para casa ao meio-dia e como a mamãe já deixava tudo pronto, coisa que ela faz até hoje, o único trabalho do Marcos era esquentar a comida e não muito depois disto o papai chegava, tomava banho, comia e ia dormir...por isso fazia-se um silêncio funesto na casa, até umas 17 horas que era quando ele acordava, escolhia a vítima e este devia ir comprar pão.
Sobre meninos e pão o que importa lembrar é que nunca ele mandava a lene sozinha fazer tal tarefa, ou ele ia com ela ou ia sozinho, mas geralmente sobrava pra mim ou o mano. Acontece que como em ritos de passagem meu irmão passou a estudar num horário que não daria mais para ele comprar pão, então a missão passou a ser desse que voz escreve. Acontece que a padaria, não era bem uma padaria....era uma vendinha do seu Simplício, que era onde comprávamos pães no formato bengala e na rua onde se localizava tinham muitos cachorros de rua, e como eu morria de medo de cachorro pelo menos uma vez na semana um deles corria atrás de mim e não foram pocas as vezes que deixei metade do pão cair na fuga e até o pão todo.

Cresci e um monte de coisas mudaram, pois aquele menino hiperativo e falastrão foi dando lugar um pré-adolescente calado e sozinho, e perdido em livros e xadrez eu fui começando a ver a vida mais ou menos como eu a vejo hoje, mas na época com menos triagem de que agora. Eu estudei, me tornei evangélico, enfim segui a vida....tive namoradas, decepções enfim, coisas que todos os humanos passam e umas coisas foram boas outras são neuroses que ainda trabalho para vencer, mas no fim construí uma história de vida da qual eu penso que posso me orgulhar, pois sempre fui honesto, verdadeiro, sincero, justo e de bom coração, nunca quis ser melhor que ninguém e sempre tento ver todos iguais a mim e sei exatamente quem eu sou.
Nasci pra pregar.....
Vou fazer muitas coisas na vida bem, como já fiz tantas outras, mas eu nasci para isso...pregar, tenho um jeito que é todo particular de me mostrar para as pessoas, e isso é resultado da vida que tive, pois eu sei que sou uma pessoa bem forte e corajosa, mas não sou de ferro.

Eu fiz todo essa introdução....por que eu li o tcc da Eliete...o primeiro capítulo, esse que vc mede o que vai ser o tcc num todo, o termômetro da paradinha. Sobre o corpo dele eu afirmo que me senti um ignorante, e como eu já havia antecipado antes, ele vai ser surpreendente para muitas pessoas que poderiam duvidar da capacidade dela. Vai ser batuta demais e vai orgulhar a Leila.
Mas eu não seria eu se não falasse....
Vc agradece sua vó por duas vezes no TCC e acho isso muito bacana da tua parte, pois eu não conheci a pessoa em questão, e por não saber de fato como era o relacionamento de vcs, ao menos posso inferir que se davam bem e que ela te ensinou coisas que vais levar para o resto da vida. Ai numa sequencia lógica vc agradece sua mãe e irmã....coisinha bem bacana também se não fosse pela lembrança de que são duas pessoas que não puderam decidir ou viver episódio cruciais em suas vidas, que não puderam controlar certos aspectos de sua existência, e por isso escolheram fazer isso com vc. As mesmas que te deram teto, comida roupa, e tudo mais, e confesso que conheço umas novas ricas emergentes que tratam seus cães  do mesmo jeito e até com mais carinho.
Eu não ligo se depois dessas críticas vc nem quiser mais olhar na minha cara, mas acho que no principal, elas, assim como muitos pais não deram o que era realmente necessário: confiar nos juizos, ouvir, entender e ao contrário disso vc cresceu sob a sombra de ameaças de se tornar tão desgraçada quanto sua mãe biológica, se não seguir as regras do manual das frustrações universal.
Mas o tcc é seu e nele vc agradece a quem quiser.....
Numa seguinte vc agradece nominalmente ao William, por extenso e completo....é justo!

Quanto a mim, eu não espera estar ali, pois eu não fiz porra alguma para contribuir na confecção deste Tcc e eu penso que esse negócio exige ter uma história que não temos, e acho que nesse nível acadêmico nunca tive algo parecido...e finita la guerra!
Digo a cerca destas coisas, por que eu tenho uma história de vida que não é manchada de máculas como muitos por ai, e quando me lembro que a mesma mulher que vc agradece pelo "apoio" foi a mesma que nos chamou a ambos de "filhos da puta" eu não me sinto grato, pois mamãe nunca foi e nem será uma, e embora ela tenha sido rígida ao criar os filhos ela sempre soube do poder que tem as palavras de bem dizer e de amaldiçoar. E recordo que a mesma outra pessoa do "apoio nos chamou de mentirosos, mas se o fomos elas não mataram multidões no seu simples proferir.

Estou escrevendo aqui, por que eu sou assim, na hora que as coisas acontecem eu tento manter a calma para não fazer merda, mas quando escrevo aqui eu sou viceral e sempre vou colocar tudo o que penso aqui, pois essa é a proposta de existência do blog. No meu mundo, onde os critérios de justiça são bem considerados eu não merecia toda essa raiva de gente que eu nem sei quem é direito e que nem me conhece, mas como a minha história mostra eu nadei a vida toda contra a maré e isso me fez mais forte....por que vaso rui não quebra (John Mcclain - de Duro de matar), e por que tenho visto em minha vida que quem tentou me ferrar, se ferrou primeiro, pois pelo menos um ser nesse universo, que julgo ser só um é meu senhor, advogado e Juiz....Deus....único e coisas e tal.
Agora que a a raiva e a indignação foram deixadas nessas linhas, esperar o resultado é o que resta, mas não há, de forma alguma arrependimentos nas palavras que disse, gostem ou não é como eu vejo, pois as vidas que salvei, as pessoas que ajudei a curar atestam meu caráter, minha honestidade e minha existência e ninguém me tira isso.

Esperança de escrever notícias melhores....é o que me faz escrever ainda!

É assim todo dia no deserto.... 

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