segunda-feira, 2 de janeiro de 2023

DIÁRIO DA PRISÃO SEM MUROS: um fim de ano indigno, para uma vida até digna que foi considerada indigna por quem não foi digna!


 Eu não sei...
Na verdade eu nunca sei de muita coisa...eu apenas sinto!

Já fazem 65 dias...
Já fazem 15 dias...

Viramos o calendário mais uma vez...
A virada do ano de 2022 para 2023 foi totalmente diferente daquela que eu tinha em mente pra mim. Eu imaginei algo que faria meu coração quentinho, mas meu irmão fez um esforço grande pra me convencer que era melhor ir pra casa dele, do que ficar em casa como eu havia planejado.

Sobre esse dia, eu já tinha tudo pronto: acordar, cuidar das poucas coisas que haviam de serem feitas, comer o de sempre, descansar e sair para correr. Não queria que esse dia tivesse o mesmo peso de seu semelhante do ano passado, porque ano passado eu estaria vivendo um dia de ansiedade feliz. Mas dadas as circunstâncias eu ansiava por normalidade, por manter a rotina que construí até aquele dia. Desde o dia 31 de outubro eu criei uma rotina pra me proteger de mim, do mundo e de gente má que me feriu. 

Eu corri muito, andei outras vezes e só na última semana do ano percebi que correr me fazia mais focado que andar. E resolvi desprenteciosamente na quarta-feira correr. E corri e quando chegue no viaduto, pela primeira vez em quase dois meses eu me senti forte, lúcido e capaz de ver tudo que houve até aqui com olhos de ave de rapina. Tudo estava claro. Quinta, eu queria muito ver que não era uma coisa isolada, um surto, uma ilusão e repeti a corrida. Percebi que estava mais forte fisicamente, mais resistente, mais veloz, mais cheio de ritmo e consistência nas passadas. E como resultado baixei o tempo do dia anterior em 7 minutos. Sensação que me veio foi de que eu posso tudo: de quebrar um braço de um desgraçado aleatório que venha me ameaçar e entender Kant. Sexta eu precisava de mais, como aqueles viciados, eu quis mais e mesmo com aquela chuva eu saí atrás da minha droga. De casa pro viaduto 34 minutos! 

Quando sábado chegou eu sabia que não era sonho. Eu estava melhor naquilo que me propus a fazer. Foi um dia que fiz de tudo para que passasse rápido pra por ir correr. E fui sabendo que dava pra fazer aquele algo mais sabem? A prática esportiva é engraçada: quando mais dor provoca, mais rápido vemos resultados e o vício fica maior. Aquela última erguida no haltere, aquela última braçada na piscina, mais 40 arremessos depois de ter feito mil deles, mais um passo além do dia anterior. Fui além e circundei o shopping. e quando parei, a sensação de "que se foda o mundo, porque eu posso fazer qualquer coisa" foi o que eu senti.

Andei de volta pra casa e eu tenho certeza que voltei orgulhoso desses quatro dias de corrida. 

Mantive a rotina: cheguei, tomei um banho, alimentei meus filhos, fiz o último post de 2022 e fui deitar. Confesso que tinha a esperança de pegar no sono, de perceberem que consegui dormir mais de seis horas ou de perceberem que pela primeira vez em mais de cinquenta e cinco dias o meu sono tava em paz e não me acordassem para sair, mas eu não consigo dormir assim e agora eu só aceito. Ouvi um disco de rock progressivo de Rick Weckman, tecladista e instrumentista e esse disco se chama "Jornada ao centro da terra" que fortemente, recomendo que as gerações "Red Hot da casa do caralho" e "os k-pop da vida" e trair quem me ama" ouçam urgentemente, pois vai salvar a sanidade de vcs um dia!

Sobre esse disco eu falo outro dia!

Mas depois do disco, tive que me arrumar, pois eu tinha que comer se quisesse correr no dia primeiro. A minha relação com a comida mudou drasticamente: eu comia demais e não percebia. Esses dias de merda me tiraram a fome em mais oitenta por cento e agora eu só como para poder manter meu ritmo de treinos. E muito por isso também fui pro Umarizal comer o que tivesse lá. 

Não vou dizer que que foi a melhor virada de ano que tive porque não foi, mas estar ali acolhido só por quem eu ainda sei que me ama foi legal. Foi importante começar dali, do ponto de partida, do zero. E já que eu tava lá, eu enchi meu cú de cana como nos velhos e imemoriais tempos de CEFET-PA. Voltei pra casa nem sei que horas, nem sei como entrei em casa e para cagar tudo eu só consegui dormir um fucking hora. 

Acordei as seis, sendo que devo ter pego no sono umas cinco porque tava vendo uma aula do professor Clóvis de Barros Filho. Sobre esse cara, eu preciso de uma postagem digna, mas não a consigo fazer agora.

Como já é tradicional tinha o famoso R.O. doa dia primeiro e sobre isso uma palavra: CARALHO!

Uma hora era pra ir pra tia Ana, mas dois dias antes o Marcos nos havia intimado a ir pra Umarizal e no fim fomos aos dois lugares. Comemos um pouco na tia Ana e fomos assistir a posse do Lulão no Umarizal regrados a muita cerveja, vinho e....sim caralho, PICANHA!!!!

Se terminei 2022 bêbado, me permiti entrar no primeiro dia desse ano de merda que chegou bêbado também e como demoramos muito aquela corrida que eu queria fazer chapado não deu certo, mas tem umas cervejas aqui e se tudo der certo ainda essa semana eu tomo todas numa hora só e vejo se o teste que quero fazer dá resultados. 

Enfim, eu voltei pra casa bem bebum, mas dessa vez tenho plena consciência do que disse, pra quem disse e o que fiz. Ainda assisti uma mulher foda de inteligente no Caldeirão do narigudo, vi uma boa parte do Fantástico e depois fui dar uma esticada nas costas. Essa noite foi boa, pois dormi duas horas e dormir duas horas direto é raro!

E em duas horas de sono, sonhei com Samarinha: ela tava se formando de médica! 
Talvez seja um sonho premonitório igual a vários que já tive e que no fim eram verdade. espero estar vivo pra ver esse se tornar real! 

O dia dois chegou e com ele os ventos de que as coisas vão ser pelo menos normais e sob o controle dos meus fio de titiriteiro. Tudo saiu como previa: café dos meus filhos, meu café depois de um banho gelado, fazer coisas aqui, almoço sem fome, deitar por uma hora, treinar bíceps, peitoral, abdominais e trapézios, sair pra correr, voltar, alimentar de novo meus filhos, comer um pouquinho (depois de banhar é claro) e ver um pouco de tv...

E agora vir para cá falar....

Muito bem ano de merda, já que vc veio vista seu kimono e calce suas luvas porque eu também vou revidar agora!

Eu acordo quando começo a sonhar!!!!!

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