Eu não sei...
Na verdade eu nunca sei de muita coisa, mas às vezes eu ouço os avisos!!!!
Dia 270!
Dia 250!
Me restam 48 dias!
Quando comecei esse blog, ele era para curar dores, falar sobre elas e quem sabe, superá-las. Obviamente, não deu lá muito certo, mas como um homem que já viveu muito e viu muita coisa, haviam histórias para contar e quis muito que as pessoas vissem. depois virou aquele lugar que eu só trazia pessoas que eu confiava, pois aqui, eu falo tudo, sobre tudo! E depois de vários hiatos, eu tive que voltar pra me curar de uma ferida que há mais de nove meses ainda sangra.
Quando dei por mim, eu tava sentado no sofá da sala...
Era tarde daquele dia e tudo estava empoeirado como se muitos anos tivessem passado, mas eu lembre de ter ido deitar na segunda de noite. Não ouvi os latidos da Peggy e não havia vestígios dos gatos. Nem sinal do Chu....
Estranhamente a televisão estava ligada, passava um programa que eu escutava muito longe, como que se tivessem estourado algo nos meus ouvidos. Não havia mais ninguém aqui, apenas eu e tudo estava no seu lugar como deixei naquele dia anterior. Mas a cama estava feita, a foto com a Eliete que eu teimo em guardar no alto da parede, os livros e o meu celular!
Mas a casa parecia estar abandonada...
Então resolvo sair!
Mas num instante mesmo que eu nem tenha tocado no portão eu já estava lá fora, vestindo minha roupa de treino e acabo indo na tia Zana pra ver se ela sabia o por quê daquilo tudo e ela tava sentada com o tio Miro, como sempre, nas cadeiras de plástico, na calçada! Eu os chamo, mas eles não me ouvem e de repente eu paro de ouvir os sons da rua!
Desespero....
Saio pela rua e não sou visto por ninguém, grito, mas a minha voz não ecoa!!!
Então vem na minha frente uma mulher negra, meia idade, que nunca havia visto e nela toco e sinto que a tangi. Ela olha para mim e me diz que é normal eu estar pedido. Que quem está "desse lado" tem dificuldades mesmo!
Eu não entendi o que ela quis dizer, mas ela, como se soubesse o que eu iria perguntar, me falou que quando passamos para o outro lado, que deixamos de ouvir com os ouvidos dos vivos e que não ouvir no começo é normal!
Pergunto o que tá acontecendo e sem muito cuidado ela me diz: você morreu Endressy! É que foi tão rápido que você não percebeu! Veja, quando a gente morre a nossa alma quer voltar pra onde se sente seguro e por isso vc tá aqui, na tua rua, onde vc cresceu e na casa que vc viveu 42 anos!
Você saiu pra correr há cinco anos! Era uma prova e chegando lá você foi abordado por ladrões e na tentativa de reagir uma bala rompeu sua cabeça! Não deve o que fazer!
Sua mãe está com seu irmão...
Não superou....
Agora vive no quarto...
Perdeu a fé!!!!
Seu irmão quase não suporta te sepultar e a tua irmã, quando soube perdeu o bebê que gerava!
A tua morte violenta matou muita gente!
Mas tu vais começara ouvir esse lado logo!
E eu realmente comecei a ouvir outros como eu!
E do nada eu tava no meu quarto rodeado de pessoas que eu nunca vi na vida, mas que estavam ali antes de mim e um deles parecia o tio José!!!
E vi muitos dos meus vizinhos que morreram nessa rua e quando eu ouvi a voz do meu pai, acordei!!!
Suado, vi que era AINDA, madrugada de segunda para terça e que eu tava aqui, na escuridão desse quarto e tava vivo! Levantei, fiquei uns 10 minutos olhando, testando e saí pra beber água! Tomei um banho!!!!
No domingo, ainda mexido por acreditar que era um aviso, desisti da Corrido do bem Eco Belém e fiquei em casa!
de noite,. soubemos da morte do tio canhoto! Pela manhã uma amigo do grupo de corredores relatou que ao chegar no portal foi assaltado, que o bandido atirou, mas a arma negou o tiro!!!
Poderia ter sido eu? Não sei!
Mas eu estou aqui!
Até quando? Só DEUS sabe!!!
Eu acordo quando começo a sonhar!
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