Na verdade eu nunca sei de muita coisa...eu apenas sinto!
Já fazem 7 dias que perdi a Bené para morte...Essa foto acima é na Igreja da comunidade da Santíssima Trindade onde foi realizada a missa de 7º dia da mãe Bené. Nela (a foto), estamos eu, Sheila e mãe Ana Maria e quase toda a família foi até lá e apesar de algumas ausências por motivos de trabalho, tudo foi no clima de família mesmo.
O que é que a gente não faz por amor? Voltei a pisar numa igreja de católicos depois de 13 anos e antes de achar que nunca mais pisaria numa, quando estive lá, sonhava em ser padre, pois achava muito bonito o trabalho deles...embora ainda ache, descobri que nem todos são amáveis como eram quando eu era piá.
O sétimo dia não doí com a força que doía quando eu vi minha mãe morta no caixão, mas ainda é uma dor que eu não sei como que explico para vocês...queria mesmo saber dizer o que sinto, porém essa sensação de vazio ainda cala a minha boca.
Meu irmão veio aqui me buscar por conta da chuva...eu previ bem antes que ia cair uma daquelas chuvas de fazer ferida, então liguei para ele e combinei que ele passasse por aqui e na hora combinada lá fomos nós para a tal igreja. Acho que de povo, fomos os primeiros a chegar...Larissa e D. Elísia também foram e com o passar da convivência as sinto mais próximas e isso é bem bacana.
É uma igrejinha bem arrumada e cuidada por uma freirinhas ou quem sabe noviças e embora simples, dá de mil a zero em muitas igrejas pela vida...Conversamos e contamos uns aos outros as sensações dessa semana esquisita e dolorida para todos nós e assim fomos passando o tempo...sentamos e minuto à minuto chegavam mais parentes e amigos e a clima ia ficando bem saudade e o mano trouxe um Banner com a foto da mãe Bené que foi tirado no dia do casamento dele. Isso sem querer quebrou todos com saudade....
Essa foi a imagem que vi logo que eu entrei....Como eu disse é uma igreja modesta, mas bem cuidada e tem umas igrejas nossas que estão bem longe disso. Mas como nem tudo são flores eu vou dizer os 7 motivos de porque eu nunca mais quis voltara uma igreja católica:
1. O CLIMA DE CEMITÉRIO
- Impressionante que é só chegar numa igreja dessas para se sentir como se vc estivesse num velório ou enterro e como é fato provado, os velórios da minha família são mais animados que as missas desse lugar.
2. O SENTA/LEVANTA QUE NUNCA TERMINA
- Quando começa a missa começa também o exercício...mano velho, acho que levantei e sentei umas vinte vezes e já sinto os meus glúteos malhados por conta desse interminável senta e levanta.
3. CÂNTICOS CHATOS
- Eu sei agora porque 13 anos depois eu não lembro de um canto que seja do meu antigo credo-dogmático...Putz, como é chata a cantoria dos católicos! A noviça que tava cantando lá na missa até não era mau da canto, porém como a música é chata pra danar, isso tirava toda a beleza do canto da guria!
4. HOMILÍA MUITO RUIM
- E como se tudo não fosse o bastante, o padre que veio emprestado, para celebrar a missa, tinha segundo a minha cunhada, lápsos de memória muito do seus canalha...o velho esquecia o nome da mamãe, o velho não conseguia ler com velocidade e coesão e até esqueceu o nome de Jó em uma homilía de dar sono em soneca e por fim ele terminou a bendita da missa já despido de suas vestes de celebração no meio da igreja e doido para voltar para a paróquia das Águas lindas que é fim de mundo de onde ele veio....
5. ORAÇÕES
- Lembrei que eu sei ainda todas as orações repetitivas assim como sei a história da invasão de Jerusalém por Tito, pois tudo é decorativo mesmo....Bicho, eu fico mal em dizer mais por vezes eu me via em "acto falho" nessas orações que para mim nem fazer sentido mas é que nem bocejo...um faz e acabamos indo junto sem notar!
6. OLHARES DE PIEDADE
- Parece que todo mundo que entra na igreja está morrendo ou está muito do seu miserável, pois as freirinhas me olhavam com uma cara de pena que eu tava pra perguntar se eu tava rasgado (sabia que num tava) ou se elas estavam vendo a morte do meu lado (oxalá que não), pois era difícil não notar seus olhares de "que bom que eu não estou no seu lugar"!
7. CHEIRO DE VELA DE 7 DIAS NA ROUPA
- Se vc tem um amigo que fuma e ele fuma bastante quando está perto de vc...vc é um fumante passivo. Assim mesmo é quando vc vai a uma igreja católica...o cheiro da vela de 7 dias fica siamês com vc por horas ou até dias e para se livrar dele...às vezes é melhor acender outra....hahaha!
Acima a foto aproximada do banner que o mano fez e que um moleque (querendo mesmo associar esse merdinha a moloque), que colocou a bosta do dedo dele na foto que deve ter sido a única de perto que eu bati.
Outra foto do banner, mas agora de corpo inteiro e com aquela sensação de que era aniversário dela ou coisa assim, que ela ia entrar pela porta a qualquer minuto e sorrir!
E como não poderia deixar de fazer...algumas imagens que fiz na missa e outras que recebi do velório na hora que eu num tava lá.
Atrás de mim....tioa Antônia com uma das camisas que a Ton-Ton mandou fazer para a ocasião da missa, ao lado dela Tia Maria das Auxiliadoras olhando para trás, junto com a Érica esse evento que só a Morte da mãe Bené pode fazer: sentarem-se lado-à-lado Iane e Evaldo.
Nessa foto Tia Totorro tava sentada na cadeira higiênica que foi comprada pra mãe Bené...essa foto tem quase 2 semanas e faltavam exatos 5 dias para perdermos ela, e na foto de baixo a foto da Lívia dormindo na madrugada do velório...
E a tio Socorro pode ficar calma que a foto dela ferrada no sono, não vai rolar, pois eu fui bem educado e os mais experientes devem ser respeitados...mas que tá hilária a foto...isso tá mesmo!
Enfim....foi assim que foi!
Eu acordo quando começo a sonhar!
Sua postagem trouxe-me uma lembrança antiga, meu pai é natural de Florânia-Rio Grande do Norte, migrou para as terras do sul quando tinha pouco mais de 11 ou 12 anos, era uma criança ainda (...), lembro-me de um dia quando o carteiro deixou uma carta endereçada a meu pai de sua família, sempre quando elas chegavam era uma alegria só, minha mãe fazia questão de festejar, isso trazia para perto a família que nunca conhecemos... mas nesse dia foi diferente, estávamos todos à espera da chegada de meu pai para lermos a carta, mas acho que minha mãe já tinha visto o que era, sei que o ambiente estava diferente (...), meu pai chegou e corremos para dar a notícia da carta que havia chegado, lembro do sorriso dele contrastada a expressão de minha mãe, nesta época moravámos em uma casa cedida e minha mãe vivia tensa, meu pai era mais descontraído, aí só lembro de ver meu pai sair de um quarto pro outro chorando, eu e meus irmãos ficamos apavorados, afinal pai não chora, chora? neste dia meu pai chorou e muito, acho que ele chorou todos os anos de ausência , do tempo que perdeu longe do pai dele e por saber que não mais o veria, só vi ele chorar assim quando depois da separação dele e minha mãe, e que ele retornou do trabalho eu fui pra escola á noite e quando cheguei ele desabou e aí choramos juntos, ele, eu e meu irmão, mas voltando à carta, veio uma fotografia do meu avô no caixão, minha mãe ficou indignada mas mesmo assim e rapidamente nos mostrou a foto, lembro dela dizendo assim: - Como pode fotografar alguém no caixão? Mas essa imagem fotografada que foi a presença de uma realidade que ele não pode viver, a foto "sumiu"..., mas ela foi um marco importante... acredito que cada instante é necessário ser vivido de cara limpa e peito aberto, na dor com Deus crescemos e nos Fortalecemos... estejam todos com ele.
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