sábado, 28 de janeiro de 2023

SERÁ QUE NO CÉU TEM SACHÊ?


 Eu não sei...
Na verdade eu nunca sei de muita coisa...eu apenas sinto!

Chegamos ao dia 90!
É o dia 40!

Hoje a Manu resolveu que era hora de partir....

A morte é aquele fato, que nos iguala a todos que estamos dotados com o dom da vida. Uns apegam-se a ela como se nada mais importasse. Outros sequer sentem apego por algo tão frágil e seja um ou seja outro, todos nós estamos fadados a viver essa coisa que como bem disse Chicó na obra já conhecida de Ariano Suassuna: "Essa sentença nos iguala a todo num só rebanho de condenados [...] Pois tudo que é vivo, morre"

Manu sofria de uma neoplasia mamária severa, que foi a mesma que acometeu a Vida. Vida se deixava tratar, cobrir feridas e até medicar, mas Manu, em seu temperamento raivoso nunca se deixou tratar. Mesmo usando todos os recursos para examiná-la, tratar suas chagas era um trabalho difícil e desafiador. Acredito que ela escolheu como deveria ser!

A neoplasia de interna, externou-se em uma ferida aberta que nada podia curar e embora tentássemos à exaustão, nada foi capaz de tratar aquela ferida. Que aberta e não tratável, virou uma chaga que deve ter sofrido uma infecção severa que lhe foi matando aos poucos. Hoje, quando levantei por conta dos barulhos incomuns para um sábado na cozinha, percebi que não havia choro por comida. Sabia eu que ela jazia ali sem vida, mas esperei pacientemente a hora do despertar do relógio. 

A vida são pequenos rituais....

Levantei, arrumei a cama, tomei um banho, escovei os dentes, sai do quarto para constatar o óbvio. Manu de fato jazia sem vida, de olhos vidrados e com visível Rigor Mortis. Indo a cozinha, comuniquei para a minha incrédula mãe que o fim havia chegado e em sua negação ela foi chamar Manu na porta do banheiro. Mal sabia ela que eu já havia constatado a morte - afinal eu sou o the Undertaker dessa casa há anos -, e ao constatar ela mesma a morte, pôs-se a chorar copiosamente.

Foi um lamento que durou todo o meu café!

Confesso, nada senti. Essa morte era tão certa quanto no dia que recebi o diagnóstico de que doença ela tinha por um amigo veterinário. Meses atrás eu já sabia e por isso sugeri a Lene que sacrificasse ela, mas preferiram fazer aquele sofrimento se arrastar por todo esse tempo. A mim só parecia cruel eu me afastei de qualquer emoção sobre isso, porque eu sabia a morte dela é tão certa quanto a minha, a sua que está lendo, ou de qualquer pessoa nesse planeta.

Mas confesso a vocês que a morte dela me fez sentir saudade. Tem muita gente que eu amo que estou longe pelos mais variados motivos: distância geográfica e até mesmo opção desta, mas a saudade que sinto é esmagadora que dói! Sinto a falta de uma em específico já fazem 90 dias e dela nada sei. Mas hoje a saudade dela apertou muito mais do que nos dias anteriores e a única coisa que posso fazer é correr pra aplacar por algumas horas a saudade que sinto. Eu nem sei se ela se lembra de mim ainda!

Mas enfim, Manu era da Lene. Só se deixava cuidar pela Lene e por ironia do destino ela ficou quando a Lene se casou e o último ano de vida da Manu foi afastada do único humano que ela tinha algum carinho. Na última hora, ela estava só!

Tanta gente se ama e não tá junto, seja família, amigos ou a pessoa que vc ama no sentido eros. Alguns de nós vamos morrer como a Manu: sozinhos. Eu tô nesse barco, me acostumando com essa ideia, pois sei que perdi a última chance. Enquanto eu puder correr tá bom!

Quero pensar que agora ela tá correndo no céu dos gatos, comendo sachê e revendo a Vidinha....

Agora não está mais sozinha e não há mais dor!

Hoje, apesar da chuva deu bom e consegui correr!
Amanhã é dia de celebrar a vida da patinha!
Amanhã o treino será in door, na academia do prédio!
Um dia para não pensar em nada, só viver!

6 de 7: cumprido!

Eu acordo quando começo a sonhar!!!!

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