Eu não sei...
Na verdade eu nunca sei de muita coisa...eu apenas sinto!
São 75 dias...
São 25 dias...
Nessas minhas corridas por vezes passo por pessoas e elas me olham transpirando como se eu fosse uma aberração. Estou acostumado com as pessoas me olharem com receio e até assustarem de medo. Eu poderia dar inúmeros exemplos sobre isso, mas nem preciso ir tão longe no tempo, pois em dezembro passado, numa de minhas corridas num domingo pela manhã, mais perto das onze e meia, eu estava correndo pra sair da cidade nova e perto de uma revendedora de carros à minha frente caminhava um casal. Ao chegar correndo perto deles a mulher quase teve um infarto e até foi repreendida pelo marido e ambos eram brancos. Nada de novo!
Mas o ponto aqui não é racismo, com ele eu tô até acostumado, pois é uma vida de olharem, de ser trocado por um branco e por ai vai. O ponto é que além de ser preto, estar correndo é um ato de resiliência por que sabe deus por qual sorte a polícia ainda não me parou. Acho eu que por usar "ferramentas" que a maioria dos pretos daqui desta periferia não tem acesso e por fazer isso todo dia, os policiais já me manjam e sabem que sou só um preto fazendo exercício. Por hora estou seguro!
Mas o que eu queria dizer é que nesses tempos de celular nas mãos, de comodidades, as pessoas estão deixando de transpirar, ficando gordas e fodidas de um caralhal de doenças! Há mais ou menos uns setenta e cinco dias eu fui forçadamente obrigado a me mexer e se teve uma única coisa boa pra acontecer foi isso: eu fui correr e me sinto bem com isso, porque sei que no dia, naquele dia, eu vou estar de pé pra ver o que vai acontecer.
Mas, eu tava refletindo que em 2014 isso já era assim: as pessoas agora querem ir para as academias, querem exercitar-se, mas não querem o básico que é transpirar! Em 2014, eu lembro que fui treinar numa academia de burguês que tem aqui na cidade nova e lá eu tava treinando Jiu-jitsu como bolsista porque meu sensei era personal daquela porra e eles estavam querendo implantar aulas de luta ali, uma vez que só faziam musculação e outras coisas nessa academia. Eu chegava umas dezoito horas lá, malhava com os halteres da área de luta e quando chegava as dezoito e trinta, começavam os treinos de bjj. Aliás naquela época eu cheguei no meu peso mais baixo desde que me tornei adulto que foram 79 quilos e hoje tô chegando perto disso. Mais umas semanas e acho que chego lá.
O caso é que eu, criado na Team Fróes, academia raiz, academia que vc sente o cheiro do aço das barras de exercício, que vc vê o chão lavado de suor, vira um E.T. nessas academias frescas que existem aos monte nessa porra de cidade. Os olhares para nós que descíamos completamente suados, pingando, como se fôssemos animais de um zoo nunca me saiu da retina. Gente branca, fresca, nariz em pé e dedos em riste para nos apontar, como se tivéssemos cometido um crime. Mas não, a gente só tava deixando tudo nos treinos. Nunca mais voltei para aquela merda, voltei pra casa decidido a nunca mais voltar ali e assim se deu. Voltei pra minha academia raiz mesmo e de lá nunca saí.
Treinar, seja o que for exige isso: transpirar! É a prova cabal que vc tá fazendo tudo que pode, que tá se entregando. É como fazer sexo, onde vc tem que transpirar mesmo, que fica até mais gostoso. Os corpos se chocando e se mando e pouco se fudendo pra calor porque sexo precisa ser transpirado.....exalado! Correr exige transpirar, e, todo esporte requer isso.
Hoje inclusive, na minha transpiração diária, uma pequena vitória: baixei meu tempo de 38 minutos para 34 e isso me deixou realizado, porque é sinal que meu corpo vem respondendo bem a tudo que lhe venho impondo. Amanhã espero ansioso por mais dessa endorfina que tá salvando a minha vida...literalmente!
Então meu conselho é simples: transpire e quem não gosta mande para a casa do caralho!
Eu acordo quando começo a sonhar!
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