Tem sangue na minha roupa
A minha respiração já não me ajuda muito
Eu nem sei de veio a merda dessa bala
Maldita essa que abriu um buraco no violão
Rasgou meu peito
E agora a cada tentativa de respirar que faça
Faço malabarismo pra não engasgar.
O barman vai encher o saco
O banco vai ficar sujo com sempre
Mas agora vai ser a derradeira vez
Que vou pedir o copo de wisk
E que vou mandar ele se fuder por reclamar tanto.
Essa espelunca tá sempre assim:
Vazia, mal iluminada, suja
Cheiro de vomito dos bebuns e viciados que parecem brotar da terra
Eu não ligo
Tomo o primeiro gole
Desce num misto de dor e nem sei o que...
Como foi que essa porra começou mesmo?
Ah, sim, eu me lembro agora
Aquela ruivinha se ligou no meu som
Na minha rima de hora, que improviso na hora
Calando burquesinho alienado
Quebrando preconceito, solta a brisa
Se a bailônia não queimar, ajudo a acender.
O filho da puta saiu sem aviso
Um tiro covarde pra calar a minha voz
O som da minha viola
Mas eu consegui chegar aqui
Lá se foi o segundo gole
Não tem gosto de nada...
Bolo unzinho
Mãos tremulas...não desperdiça caralho!
Acendo com dificuldade
Pago meu copo
Alguém vai limpar essa merda toda...ou não
Ando dez passou e sento numa mesa
Não lembro dessa budega ser tão fria!
Um trago e dor de antes não está mais aqui
Dois tragos e nem sei porque eu tava sentindo dor
Visão turva...
Dou esse trago final
Mas a minha canção
A minha voz
Isso tudo fica
O meu verso vai ecoar
Fazer barulho no universo
Pois eu sou isso
Caos na ordem
Não acabo...continuo noutro canto
Porque sou isso
Som...
Em qualquer recanto.
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