segunda-feira, 19 de agosto de 2013

MAIS DO QUE OS OLHOS PODERIAM VER...oU DE oBEDES à dAVIs

Era um homem da terra, que se recusava deixar suas raízes, pois por gerações os homens de sua linhagem viveram naquela região e o suor e as lágrimas de uma família inteira estavam ali regando aquele pedaço de chão. Era de meia altura, nem bonito nem feio e como era tradição se casou cedo com uma moça, num desses casamentos arranjados tão comuns no seu povo, e por sorte aquela mulher gostava dele de verdade, mas o que esperar, quando as coisas não vão como ele esperava.
Os primeiros de seu casamentos eram até bons, a terra já naquela época não dava muito como nos tempos de maior fartura da terra e não faltava muito para que chegasse o ano do descanso da terra e o que ela dava já era pouco e era obtido com dificuldade. Os animais já estavam mirrados e os poços já estavam secos, pois o rigoroso calor não aliviava de castigar a terra e quem vivia nela, e em casa já haviam muitas cobranças pois o sustento era conseguido com muita luta e haviam dias em que nada tinham para comer.
Esposo dedicado, começou a trabalhar em outras terras, empreitadas para ganhar algum dinheiro para comprar comida para si e para os poucos animais que sobraram e que morriam a cada dia que passava. Com fome, sendo cobrado pela esposa, cobrado por ele mesmo, dormir já era complicado e não poucas vezes pensou em sair de casa e fugir daquilo tudo....ficou, pois não tinha mesmo para onde ir. Falava com Deus e não havia resposta, pedia chuva, mas a seca era mais severa, pediu para morrer, mas continuava a acordar dia após dia naquela mesma situação de miséria e desespero...quem sabe quantas vezes de joelhos orando e não conseguindo repostas não pensou em tirar a sua vida.
Sua vida era um caos....pobre, terra sem vida, casa de taipo, gado morrendo, sem filhos, pois sua mulher por se alimentar mão não gerava filhos e isso era uma vergonha pra ele seus ancestrais, sem esperanças ele não tinha mais saída.
Dia desses lhe bateram a porta e diante da cara assusta da mulher raquitica, estava um homem formoso e bem vestido, com soldados grandes e bem armados, e este ela sabia quem era: O homem mais poderoso de seu país lhe pedia um favor, de guardar uma relíquia importante para o seu povo por 3 meses na sua casa. A ossuda mulher pensou consigo que era um absurdo tudo aquilo pois não tinha nada de especial naquela casa para guardar algo tão precioso ali, e nem receberia nada para manter aquilo limpo o tempo todo, pois onde vivia era um lugar de muita poeira, mas como era um pedido do homem baixo, ruivo e formoso, resolveu aceitar, pois só ela estava em casa e com seu marido numa cidade vizinha, ela quem tinha que decidir tal questão.
Colocou uma mesinha no centro do cômodo único onde viviam e ali repousava a urna dourada, com querubins em cima e com duas varas douradas presas nas alças e por uns minutos ficou ali hipinotizada por que nunca havia visto nada tão bonito diante de seus olhos e por muito tempo, sentada no chão diante da urna dourada ela se perdeu no tempo.
Já era noite quando o marido chegou com uns bolos de flor de farinha que comprou na estarda com os míseros trocados que conseguiu no bico daquele dia, e ao ver aquela urna a reconheceu só por lembrar da descrição que seu pai fez numa noite em que o colocara para dormir...a história da arca que vencia guerras, pois nela habitava a força e a presença de Deus. Um mix de alegria e indignação invadiam seu peito, pois lembrava das histórias, de um tempo de glórias que seu pai contava, mas nunca os havia vivido nos seus quase quarenta anos e por outro lado lembrou que aquela urna, havia sido levada do templo e agora, aquele simbolo de glória e poder estava ali na sua casinha imunda e cheia de poeira.
Perguntou a esposa o que era aquilo num ato falho e de resposta que um homem ruivo, baixo e bonito lhe pedira que guardassem e cuidassem a urna por noventa dias e que ela sentiu no coração que devia aceitar. Ele lembrou também de quem era o homem que abordou sua mulher e com um sorriso de deboche foi se lavar e se deitou dizendo à esposa que ela era a responsável pela urna.
Todo dia o marido descia para o ribeiro que tinha nos fundos da plantação de milho e ao pegar um pouco de águas nas mãos, como fazia sempre não sentiu o gosto do barro como das outras vezes....bebeu de novo e realmente não tinha gosto de barro e numa olhada mais cuidadosa, viu que estava limpa como antes. Foi ver a plantação e encontrou a vaca e o boi comendo um capim verdinho que ele não lembrava de ter plantado e ao passar pela plantação, viu milho amadurecendo nas talas...sorriu e lembrou que já fazia um mês que todo dia acordava com a mulher limpando a urna com cuidado, sempre depois de se ajoelhar ante ela e só depois limpar e era sempre o mesmo ritual: Limpava a urna e só depois limpava o resto da casa e naquele dia percebeu que a poeira não se acumulava mais como antes. Viu sua mulher e pensou em como ela ainda era bonita mesmo depois de tanto tempo...desejou possuí-la.
Nada mais parecia como antes: sim, ainda eram pobres, mas a casa era sempre limpinha, sem poeira, e sempre havia um paninho ou artesanato que a esposa fazia, com a cor da urna para combinar com ela e a beleza da casa arrumada era toda em função daquela urna. Ele se lembrou que aquela arca era o maior tesouro de sua nação e sentiu paz por ela estar ali. Naquela noite depois que retornou, trouxe vinho, pães e outras coisas, pois o trabalho naquele dia rendera um bom dinheiro e se deu ao luxo de comprar um vestido....deu a esposa e naquela noite ela usou no jantar. 
Pensou que já fazia muito tempo que não faziam amor e justamente naquela noite tomados de paixão, como de quando resolveram se amar de verdade, a levou para a cama e por uma boa parte da noite lhe deu prazer. Semanas depois, cada dia lhe parecia mais formosa a mulher e quando saiu de manhã, viu a vaca deitada no pasto e ao chegar mais perto a viu parir um bezerro....e maravilhado olhava em volta e via que a plantação estava se mantendo forte, que o rio tinha mais volume, que a grama ficou mais verde e abundante e sorriu feliz por entender que quando a urna chegou em sua casa, tudo que tinha dado errado passou a dar certo, pois ali habitava o seu Deus.
Vendia leite, milho e tudo o que plantava colhia na terra que julgava estar morta há uns meses atrás...começo a construir a casinha que nunca havia mexido....ampliando e melhorando cada lugarzinho, mas sem mexer na urna, pois ali já havia eregido um altar. Fez dois quartos, sala grande, cozinha....podia comprar mais roupas para si e para a mulher e na frente de casa resolveu plantar um jardim para combinar com urna e coma beleza da esposa por quem teve seu amor renovado.
Faltavam 3 dias para se completar o tempo que combinou com o homem ruivo e sentada na frente da urna como no primeiro dia e se lembrava de como estava quando a urna chegou e agora estava com a vida renovada e pensou na ansiedade e felicidade que sentia, pois não sabia como contar ao marido que estava grávida naquela idade.
Quando soube da boa nova, chorava e sorria, pois lembrava que nos momentos de angústia duvidava e não reconhecia que tudo estava no controle do deus que passou a infância inteira ouvindo o avô e o pai se gabarem: o que abre o mar, que escurece o dia, que faz o sol retroceder....e pediu perdão baixinho por ter sido tão ingrato e incrédulo....Foi deitar sorrindo!
De manhã bem cedinho fez um altar nos fundos de casa, e junto com sua amada sacrificaram suas primícias e o fogo consumiu tudo que ofertaram.....a saudade já estava nos seus corações e juntos passaram um dia e meio cantando e apenas esperavam o dia de a urna ir embora. Pela manhã, bem cedinho, exatos 3 meses o homem ruivo batia a sua porta e os dois, casal feliz, agradeceram a confiança e sorrindo entre lágrimas viram homem altos e fortes conduzirem a urna para uma carruagem de ouro com cavalos brancos e bem cuidados.
A presença de Deus deixava aquela casa, mas nunca saiu da vida daquele casal simples e fiel!

Rafael e Thamyres....essa é a história de Obede-edom e sua esposa, uma história que está na Bíblia, no livro das crônicas e é uma das passagens mais lindas da palavra.... a licença poética é minha, pois as conjecturas que faço aqui são pelo espírito. Ouçam....Obede-edom e sua mulher eram pessoas que sofriam, que às vezes duvidavam, mas que na hora que foram requisitados disseram sim para a presença de Deus na forma de arca na casa deles....
Eu pergunto, e hoje quem é a casa onde a arca quer ficar, não só por 3 meses, mas para sempre? Sim vcs 3 são a casa que Deus quer fazer morada, para modificar estados de miséria e mau que estão por vezes querendo destruir a unidade dela em vcs. Deus foi salvar a vida deles assim como foi salvar a de vcs quando resolveram se voltar para o Deus que pode tudo. No fim Obede-edom foi servir no palácio junto com sua esposa e a fome, medo e tudo de ruim ficou para trás, pois eles fizeram da arca o centro de suas vidas e como prova de fidelidade Deus devolveu  tudo aquilo que havia sido esquecido.
Lembrem amigos, sejam fiés, pois a Thamy tem um emprego pra ir amanhã, vc tem o seu e como família, irão vencer as lutas, pois a arca continua na casa de vcs todo dia e nunca sairá de lá, a menos que vcs a deixem ir. Escrevi pensando em vcs, pois todo dia a arca quer entrar numa casa, não com promessas, mas com paz e muitos a deixam passar, pois Davi, com medo depois que Uzá morreu ao tocar a arca, a deixou na casa de Obede-edom por ter medo da mão do Pai, mas ele não sabia que aquela arca era o socorro e a solução para a vida daquele casal. Como eu disse, a arca já está em vcs e com vcs....confiem, pois o resto, Deus proverá para vcs!

Eliete....amo vc!
Mas hoje falar à eles era mais importante, foi para isso que me foi dado o dom de escrever, vc sabe, vc conhece....também por isso vc me ama!

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