domingo, 18 de dezembro de 2022

DIÁRIO DA PRISÃO SEM MUROS: TEMPO, TEMPO, TEMPO, TEMPO!!!


 Eu não sei...
Eu nunca sei de muita coisa, eu apenas sinto.

Aqui nesse lugar que é tão grande e mesmo assim me sinto sem ar, os dias passam de forma muito singular: um dia parece ser dois e nunca sei que dia da semana é se eu não perguntar ao carcereiro.

O tempo é uma das deidades mais melindrosas que conheci até aqui. Ele não suporta ser pervertido, pois no plano das deidades, o tempo é aquele que se encarrega de fazer com que o plano sempre seja Maktub. O tempo tem linhas muito sensíveis e nelas estão as vidas de bilhões de pessoas. E se a teoria dos multiversos está realmente correta, embora não tenhamos conseguido ainda prová-la, certamente mais vidas estarão em franco perigo...

Mas atendo-nos só a realidade que cá estamos e, num exercício muito bobo de pensar, se um objeto que foi comprado pelos correios tem sua trajetória maculada ou pervertida, esse item, irá parar longe do seu destino original e a chegada dele num prazo errado pode frustrar aquele que espera com confiança que aquele item chegue.

Se pensamos sobre o tempo seria assim: Se uma pessoa está destinada a outra e por alguma razão algo ou alguém perverte a linha temporal, uma nova linha se cria e a realidade que este acha que será a que lhe agrada mais, pode até no início apresentar-se agradável, porém mais a frente essa perversão anacrônica promoverá um fim que não aquele que foi aguardado. 

O grande paradoxo é que não sabem quem perverteu quem assim como no Paradoxo de Bootstrap. Para os não familiarizados com ele, num resumo bem burro, esse paradoxo não pode definir uma coisa ou pessoa e evento na linha do tempo, porque ele embora exista, nunca foi criado. Logo, não há como saber se quem teve sua linha do tempo pervertida, não perverteu alguma linha temporal de outrem e agora está apenas recebendo o fim que não esperava ou se é apenas uma vítima.

O tempo aqui nesse lugar é estranho e aqui fico pensando nas coisas que eu não vejo, porém teimo em sentir. Tudo aquilo que um dia me foi dado, já não está sendo dado a outro? será que tudo não está sendo feito às escuras?

Não saberia responder essa pergunta porque aqui onde estou, nada vejo a não ser a mim mesmo. Aqui o único som que ouço é do meu próprio chorar nas noites ou dias que me lembro do quanto fui feliz. Hoje o Renan veio até mim, quis saber se eu estava bem, mas eu só me prestei a dizer que não estou feliz. Mas no fim da nossa conversa veio a proposta mais doce que uma pessoa poderia me fazer: acesso a remédios para dormir!

Eu acordo quando começo a sonhar!

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